sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

sobre a escrita

quanto a mim, escrevo pela urgente necessidade que tenho de dialogar comigo mesma...

tudo começa com um pensamento latejante concebido aparentemente involuntário no meu espírito, construído pelas impressões com as quais a vida me afetou, este pensamento, será ruminado desencadeando outros e outros, a combinação das palavras obedecerá a um ritmo que vibra dentro do entendimento, uma sonoridade exigida, necessária, pulsação que condena-me ao seu esgotamento, no que vou escavando, descendo camadas, ate que a ânsia primeira seja por inteira despejada no papel, como um parto, uma lágrima, um grito, um orgasmo, e quando já exausta pareço consumida nela, alcanço ter percorrido todo o caminho e meu trabalho se completou. chega então a vez de abandonar como que arrancando o texto de mim, permitindo que ele assuma existência para além de mim, as vezes são dias, as vezes semanas, e após idas e vindas, finalmente e não sem a sensação do inacabamento, me desprendo e fecho a porta e parto. é então como que renascidas que se encontram depois, a escritora e a mulher, e neste caminho mais uma vez tomadas pela mesma urgência, dão inicio a mais uma conversa.

K.Guimarães