sexta-feira, 24 de setembro de 2010

sentido

a vida existe para que a gente aprenda a morrer.

                                                    k.guimarães



sexta-feira, 3 de setembro de 2010

retorno.



e se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: `esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. a eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!´. não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: ´tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!´   se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: 'quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?´  pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"

nietzsche. a gaia ciência (341)