segunda-feira, 23 de junho de 2008

primeiros escritos, diário de luto

era sábado e havia sol, mas o anaximandro, o peixe da sofia, amanheceu boiando no aquário, contamos pra ela no dia seguinte, ela colocou as mãozinhas sobre o rosto e chorou com os ombros. lhe expliquei, ao modo torto de quem nunca lidou com isto antes, "ele foi morar com deus", era só o que eu podia dizer... era só um peixe.
25 de novembro foi domingo. não falo com meu irmão a meses, ele não liga, eu não ligo, e assim ficamos. [desde quando fiquei solta assim na vida? meus pais longe, meu irmão longe... minhas raízes, onde as plantei? de que espécie de ser-humano me fiz enquanto minha infância foi ficando lá atrás, lá longe onde meus pais e meu irmão deram de se meter... no longe, pois eu que não segui caminho adiante era quem tinha ficado sem os seus, eles eram os que foram embora, os que me deixaram.] quando atendi o telefone fiquei animada, "oi meu irmão!", então se desenrolou um conversa confusa destas que sempre temi, pois dia ou outro haveria de acontecer: ele me dava notícia, notícia mal contada de um acidente no sítio, o mundo pára... o que foi que aconteceu? lá longe? meu pai infartado numa UTI, era o que eu sabia no fim do dia e por entre a noite. e o jeito tolo de quem nunca lidou com aquilo: está tudo bem ou ficará, o pai aguenta, ele recupera, afinal era só um infarto.

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