domingo, 23 de maio de 2010

mundo

estive no mundo, mundo outro que vivi fazendo-me crer mundo meu, tecido pelo cotidiano raso e a ocupação na qual se dilui toda possibilidade de transcendência.
assim eu me fazia todas as manhãs do anseio dos outros e lhes deixava o mundo em ordem, mundo deles outros, de realidade explicada, correta, real. não era eu quem eu era e nem me lembro dos dias que foram, porque não eram dias meus.
assim vivi sem reconhecer-me, buscando contudo saber quem era a face que eu via no espelho; quem era a mulher que mirava-me ali? 
não nego porém, esta sonambula caminhada me legou vir a ser quem sou, e quem sou? uma existência que se sabe que se é, destinada aos sentidos, inteiramente percepção de um mundo, mundo eu constituída mundo.... admirável, sedento, ávido e espantoso mundo-eu.
é dezembro. verão. 2008

2 comentários:

Anônimo disse...

Mundo eu, mundo eu ... que bom ler algo que vem de dentro, da alma...
adorei seu texto..
beijos

kelly guimarães disse...

e quanto a mim... adoraria saber quem é vc!