domingo, 11 de janeiro de 2009

Aula de Teatro

Hoje eu amanheci de um jeito estranho... Bom dia Andréia!
Estamos em roda, leituras... Denise, Gabi e eu. Todas as imagens me levam para outro lugar. Os textos de cada um me envolvem numa nostalgia de um tempo/espaço que não foi meu mas que agora observo com se estivesse do outro lado da vidraça.
Chegando mais perto, fechamos a roda, ombro a ombro! Massagear o companheiro. É muito bom poder dividir este cuidado entre nós! E desfaz-se a roda.
O corpo: mãos
Nesta pesquisa foi essencial a participação tão entregue da minha parceira. Ela me deu a oportunidade de criar uma sintonia tal, que o braço dela era a extensão do meu corpo, eu me fundia ao dela.
Passamos daí a estudar o esqueleto humano; e você entrou por um caminho que me fez embarcar na aventura que é conhecer o corpo, o homem, como ele nasce, o que ele é. Tua figura à minha frente falando de ancestralidade era toda fascínio e energia, e eu do lado de cá, boca aberta, olhos grandes, quase ouvia som saindo dos meus poros, e queria ouvir mais, conhecer mais, entender mais, “As impressões antropologias arquivadas em nosso DNA”. Prazer, medo, impulso, tudo tem muito mais do que você pôde dizer, mais do que pudemos entender. E assim eu me vejo de outra forma. Sou um corpo! Tudo que há sobre mim está registrado nos meus ossos, na minha carne. Como foi que você falou? Tudo que eu fui, tudo que queria ser e não fui, tudo que ainda serei, enquanto eu for e mesmo quando eu não for mais. E vamos à minha coluna, primeira vértebra, mais duas, mais três e mais. Estou entrando em mim, mas o conflito da mente, sentidos e corpo são constantes. Depois vem, o coração acelerado, a febre, a gana, o cansaço... e a luta para dominar a exaustão, para dizer, ordenar a este corpo: “Vai agora, eu preciso de você agora! Eu quero você presente e inteiro.” Você queria que eu dissesse algo? Mas eu diria o quê? Meus pensamentos estão agora presos dentro de mim e não são palavras, são sensações. E os meus olhos, e os meus ouvidos, a língua, os dentes...
... Hoje eu acordei de um modo diferente.
E justo eu apresentar o protocolo sensorial, eu que estou o tempo todo ligada com minhas idéias, e com a explicação de tudo, socialmente, culturalmente, mente blá, blá, blá. Mais tarde tem o Carlos e tem a cartas do tarô, tem uma pergunta, tem uma resposta e uma atmosfera de sagrado. Sinto uma tensão, que negócio é este agora? Sinto o pulsar de uma veia do pescoço, tem algo aqui, que a disritmia do Jailson deu sinal naquela hora, quase não posso respirar. Todas as cartas, uma a uma foram surgindo, e foi excitante conhece-las e arriscar, o Carlos instiga e vem a descoberta, mas não a resposta, que a resposta a gente tem que buscar dentro de nós, porque ela já existe lá. Mistério, o jogo, a vida, feminino, masculino, a criança, a morte, a lua, o sol, a força. E finalmente tem o palco, que a resposta vem na cena, e agora eu sinto desespero: “como é que eu vou fazer isto?”
No fim do dia, nem meu corpo, nem minha cabeça agüentam mais, preciso de um tempo para digerir isto tudo. Mas há um desejo grande de voltar aqui, e fazer mais e sorver de vocês, Andréia, Carlos, essa paixão, esse brilho nos olhos, essa dignidade.
Ontem eu fui para a casa diferente.
Hoje eu acordei de um modo estranho
Hoje o dia foi muito!
Protocolo da aula de 14/05/05 - Registro sensorial por Kelly Guimarães

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi.
Esse blogue é bem massa. Já virei freguês.
Um beijo. :)

kelly guimarães disse...

vindo de vc... é uma honra!
com abraço